23 de março de 2008

A Viagem de Chihiro

A Viagem de Chihiro foi o primeiro filme do Studio Ghibli que lançou nos cinemas brasileiros. Conseqüentemente foi o primeiro filme Ghibli de muita gente, incluindo eu =D E é por isso que tenho um carrinho especial por esse filme!


A Viagem de Chihiro, dirigido pelo Hayao Miyazaki, conta a história de uma família do Japão moderno que está de mudança para uma nova cidade. No caminho eles se perdem e vão parar no que parecia ser um velho parque de diversões abandonado. Com fome, os pais de Chihiro comem a comida que estava posta em um dos restaurantes de lá, o que acaba os transformando em porcos. Ao anoitecer, o que parecia ser um parque de diversões mostra-se uma Casa de Banhos para deuses e espíritos comandada por uma gananciosa bruxa chamada Yubaba. Mimada e medrosa, Chihiro tem que lutar para conseguir salvar seus pais e sair daquele estranho mundo. Afinal, aquela garotinha assustada e deslocada descobre que tem uma imensa força interior e maturidade para enfrentar qualquer tipo de problema.


A protagonista Chihiro foi baseada na filha de um dos amigos do diretor e representa uma garota comum de 10 anos. Miyazaki se surpreendeu com a futilidade das histórias lidas pela garota e com isso resolveu criar um filme onde a protagonista se fortalecesse após uma experiência nova e estranha para ela.


A Viagem de Chihiro foi o primeiro filme do Miyazaki a ganhar o Oscar de melhor animação. Além disso, também ganhou o prêmio de melhor filme na Academia Japonesa de Cinema e o Urso de Ouro em Berlim, sendo a primeira animação a conseguir isso!


Após o término de Chihiro, Miyazaki anunciou que estava muito velho para trabalhar e iria se aposentar. Apesar de todo o estresse de seu trabalho e o mal causado a sua saúde pelo cigarro, Miyazaki voltou atrás e depois de Chihiro fez O Castelo Animado e está agora trabalhando em Ponyo que deverá estrear em Junho.

Como A Viagem de Chihiro já estreou no Brasil e pode ser encontrado praticamente em qualquer loja/locadora, dessa vez não tem download. Logo pretendo criar um guia de compras pra quem quiser comprar pelo menor preço.

Aquerela de Ponyo

Foi divulgada mais uma imagem do mais novo filme do Miyazaki, Gake no ue no Ponyo. É uma bela aquarela que mostra mais ou menos como será o cenário.


A esquerda, na península, pode-se ver Sosuke's House (a casa do protagonista) e Ponyo's beach, mais abaixo que será onde Ponyo provavelmente aparecerá pela primeira vez. A extrema direita da península, estão a creche Himawari e a casa de repouso. No centro está a cidade de Shinura. Clicando na imagem do mapa, você poderá ver uma versão ampliada e divertida da aquarela fornecida por ghibliworld.com


O Diário de Produção oficial do Studio Ghibli também anunciou que a parte de dublagem do filme já começou! Um dos dubladores de Ponyo inclusive já participou de outro filme Ghibli, só que ainda não se sabe quem é.
Ponyo já passou a marca de 160 mil células de animação. Para se ter uma idéia, apesar de ter uma duração bem menor do que O Castelo Animado, Ponyo já tem 12 mil frames a mais. O número de células é um dos fatores que influencia na qualidade do filme.

Majo no Takkyuubin

Majo no Takkyuubin ou O Serviço de Entregas da Kiki, em português, é uma animação dirigida por Hayao Miyazaki que estreou em 1989 e conta a história de uma bruxinha chamada Kiki, com seu gato chamado Jiji e o amadurecimento dos dois.
Ao completar 13 anos, seguindo a tradição de todas as bruxas, Kiki deve se mudar para uma cidade onde não tenha nenhuma bruxa morando e passar lá um ano morando sozinha numa espécie de "estágio". Após achar uma bela cidade a beira-mar, Kiki e Jiji passam por alguns problemas mas logo se acostumam com a vida independente.


Kiki é baseado num livro homônimo da escritora japonesa Eiko Kadono e do ilustrador Akiko Hayashi. Após assistir o filme, Kadono, que inclusive já morou no Brasil por 2 anos, ficou um pouco brava por causa das alterações que o Miyazaki fez no roteiro e foi muito difícil convence-la a permitir que o filme fosse lançado. No fim ela acabou cedendo.
Atualmente, o roteirista Jeff Stockwell foi contratado pela Disney para escrever uma versão live-action (com atores de carne e osso) de Kiki baseada nos livros de Kadono, mas mesmo se o projeto efetivamente sair, ele não terá nenhuma relação com o Studio Ghibli.


Como o filme não é vendido no Brasil, seguem os links pra quem quiser fazer o download do filme. Caso você seja de São Paulo veja este post. Além de mais legal, é muito melhor ver no cinema!

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Parte 1
Parte 2
Parte 3
Parte 4
Parte 5

De todos os do Miyazaki, Majo no Takkyuubin é o filme preferido do Hiro, um grande ilustrador brasileiro.

Studio Ghibli no SESC Paulista

Pode marcar no calendário. Dias 9, 10 e 15 de Abril você já tem compromisso marcado. O SESC Paulista (em São Paulo) está promovendo a Mostra Universo Anime e como sempre não poderiam faltar as obras do melhor estúdio de Animação. Serão 3 filmes, Nausicaä e Kiki, do Hayao Miyazaki e Tonari Yamada, do Isao Takahaka. Depois da ultima sessão de cada dia (serão duas) haverá também uma palestra com Careimi Ludwig Assman, mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP.


Os outros dois filmes não-Ghibli que participarão da mostra são Story Of a Street Corner (download nos comentários) do diretor Osamu Tezuka e Paradise Kiss de Ai Yazawa. Curiosamente apesar de não ter nenhuma relação com o Studio Ghibli, Osamu Tezuka foi um dos caras que influenciou o trabalho do Hayao Miyazaki. Quando criança, Miyazaki adorava os mangas do Tezuka e que fez que ele desejasse se tornar um escritor de manga. Um dia porém, ao ver que seu estilo era quase um cópia do estilo do Osamu Tezuka, Miyazaki desistiu de escrever mangas para trabalhar com animação. Mas apesar de adorar os mangas de Tezuka, o Miyazaki não gosta nem um pouco das animações do Tezuka, como Story Of a Street Corner, chegando até a dizer que elas acabam com a indústria da animação japonesa. Agora fiquei curioso para assistir!

  • Dia 9/4, quarta, às 16h e às 19h30: Nausicaã, warriors of the wind (Dir. Hayao Miyazaki, 1984. Legendado, 116 min)
  • Dia 10/4, quinta, às 16h e às 19h30: Kiki’s delivery service (Dir. Hayao Miyazaki, 1989. Legendado, 103min)
  • Dia 15/4, terça, às 16h e às 19h30: My neighbours, the Yamadas (Dir. Isao Takahata, 1999. Legendado, 104 min)
A programação completa você pode ver aqui. O SESC paulista fica na Avenida Paulista, 119 em São Paulo. Como sempre é mostra é gratuita. Para assistir, basta retirar seu ingresso uma hora antes da sessão, tomando cuidado pra não ficar sem. Os filmes serão exibidos no Espaço Quinto andar =)

18 de março de 2008

Tonari no Totoro

Totoro é um filme que todo mundo deveria ver. Quando você ver uma daquelas listas "filmes que você deve ver antes de morrer", pode procurar que Totoro esta lá. Tonari no Totoro, ou Meu Vizinho Totoro foi dirigido por Hayao Miyazaki e lançado no Japão em 1988.


O filme conta a história de uma família que se muda de cidade para ficar mais perto do hospital onde a mãe está internada. Na floresta perto da nova casa a filha mais nova, Mei, e depois a mais velha, Satsuki, encontram um grande espirito da floresta chamado Totoro. Um dia, quando a Mei descobre que o estado de sua mãe piorou, ela sai sozinha à procura do hospital, acaba se perdendo e é ajudada pelo Totoro.


Esse filme é considerado uma autobiografia do diretor, porque quando o Miyazaki tinha 6 anos, sua mãe contraiu tuberculose e ficou doente por 9 anos, muitos desses internada no hospital. Na verdade, todos os filmes dele (e talvez de qualquer diretor) são de certa forma autobiográficos, pois têm uma grande influência pessoal do diretor como o respeito pelo meio ambiente, a paixão por aviões (seu pai fabricava lemes de aviões), etc.
Tonari no Totoro já foi inclusive lançado no Brasil em 1996 pela Flashstar, mas faz tanto tempo que hoje não é mais vendido e é muito difícil achar alguem que tenha uma cópia do filme. Por isso, vou deixar aqui os links pra quem quiser baixar:

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Parte 1
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Para baixar DUBLADO veja esse tópico!


Ao contrário do que algumas pessoas pensam, não há e nem haverá uma continuação para Totoro; o próprio Miyazaki já disse numa entrevista que não gosta de continuar o que ele já fez. Apesar disso, no Museu Ghibli, foi exibida uma curta-metragem chamada Mei to Konekobasu, que usa os mesmos personagens, mas não chega a ser uma seqüência. Infelizmente nenhum curta que foi lançado no museu já saiu de lá, então para assistir a essa curta, só indo para o Japão mesmo - o que não é má idéia...

14 de março de 2008

Panda Kopanda

O nome desse blog é quase uma ofensa. Go-Panda é (ou era) pra ser uma homenagem ao filme Panda Kopanda. Mas a primeira heresia que eu cometi foi colocar num blog sobre o Studio Ghibli o nome de um filme que não é do estúdio. Mas até ai, tudo bem, porque quem dirigiu foi o Isao Takahaka (fundador Ghibli). O ruim mesmo foi ter usado a frustrante tradução americana ao invés do nome original. Panda Kopanda literalmente significaria "Panda, Bebê Panda" ou "Panda, Baby Panda", em inglês, mas sabe-se lá porque os tradutores acharam que Ko combinava com Go e ficou "Panda Vai Panda". Infelizmente o domínio Kopanda não estava disponível no blogspot, então acabou ficando Go-panda mesmo.


Mas deixando isso de lado, Panda Kopanda é um clássico do Takahaka e do Miyazaki de 1972-3. Embora ter sido feito antes da criação do Studio Ghibli, os dois já trabalhavam juntos no antigo Tokyo Movie Shinsha. Na verdade Panda Kopanda não é um filme. Trata-se de 2 OVAs sobre uma garotinha chamada Mimiko que tem que morar um tempo sozinha enquanto sua avó está viajando. Ao chegar em casa, Mimiko encontra um grande panda e um bebê panda que ela resolve transformar no seu marido e filho. No segundo OVA, um filhote de tigre chega na cidade junto com o circo e logo fica amigo da Mimiko e sua nova família.

Apesar da direção ser do Takahaka, as duas curtas tem mais a cara do Miyazaki, já que ele fez toda a parte de criação e desenho. E por causa disso, diz-se que Panda Kopanda é o precursor de Totoro, outro clássico do Miyazaki. Totoro é talvez o filme mais conhecido do Miyazaki e as semelhanças entre os dois são inegáveis. Kopanda e Totoro tem aberturas muito parecidas. Além disso, os dois tem bichos bem grandes, fofos e incrivelmente sorridentes como personagens. A Mimiko é praticamente uma mistura da Mei e da Satsuki (personagens de Totoro). Os dois filme tem até algumas cenas bem parecidas, mas mesmo assim nenhum deles perde a originalidade e os dois são bem gostosos de assistir =)


Pra quem não gosta de baixar, os dois OVAs estão disponíveis no YouTube. Só que sem legendas. Mesmo assim, fica a dica pra quem sabe japonês ou pra quem quer assistir mesmo sem entender nada como todo mundo já fez quando criança.

OVA 1 - - OVA 2
Parte 1 - Parte 1
Parte 2 - Parte 2
Parte 3 - Parte 3
Parte 4 - Parte 4

Além do YouTube, também da pra baixar os dois episódio por Torrent: Link Dessa vez, em inglês.
Infelizmente até agora nenhum Fansub traduziu Panda Kopanda pra português.


12 de março de 2008

Ponyo News!

Studio Ghibli acabou de anunciar o nome oficial em inglês de Gake no ue no Ponyo. Vai ficar Ponyo on the Cliff by the Sea. O nome em português ainda não foi divulgado. Alias, nem foi divulgado que o filme virá para cá, mas considerando que Chihiro e Castelo Animado vieram e fizeram sucesso, tenho quase certeza que Ponyo também virá.


Além disso os senhores Miyazaki e Suzuki deram mais algumas informações aleatórias sobre o filme! O Miyazaki explicou que no filme, mudou a ambientação de A Pequena Sereia de Hans Christian Andersen para o Japão atual e tirou a influência católica que a história tinha originalmente. Disse também que o filme contará a história de um garoto de 5 anos mantendo sua promessa e tem o intuito de mostrar a aventura e o amor entre duas crianças. Suzuki disse que Ponyo será um filme para pessoas de 8 a 80 anos.
A história se passará em Niura, uma pequena cidade de praia, e em lugares como Ponyo ga Hama (Praia Ponyo) e Kujira-jima (Ilha da Baleia). Há uma casa de repouso perto da creche onde Sousuke vive e terá algo de importante nela.


Miyazaki ainda contou mais um pouco a ambientação: "Uma pequena cidade na costa e uma casa num rochedo. Não haverão muitos personagens. Haverá uma criatura marítima. Um garoto e uma garota. Amor e vida. Eu tento desenhá-los sem hesitação e tento ir contra uma época de stress e angustia. Um mundo onde a mágica não causa surpresa. Eu desenhei o oceano não como paisagem e sim como um personagem principal.". "Há alguns anos Miyazaki costumava dizer que queria desenhar o mar corretamente e dizia que gostaria de tentar fazer outro filme no mar e por isso agora está usando outro método." completou Suzuki.

Cada dia da pra sentir que a estréia de Ponyo está mais próxima. Para quem ainda não ouviu, no YouTube já tem a música tema do filme (infelizmente "cortada"). A música é cantada por Fujioka-Fujimaki e Ohashi Nozomi - pai e filha. A pedido do Miyazaki, eles cataram a música uma vez sem compromisso "só pra ver como ficaria" O diretor disse que havia gostado e que aquela seria a versão final da música! O resultado não poderia ser melhor.

5 de março de 2008

Joe Hisaishi

Por trás de um grande diretor, sempre há um grande compositor. Tim Burton tem o Danny Elfman, Shinichiro Watanabe tem a Yoko Kanno. Com o Hayao Miyazaki não poderia ser diferente. Joe Hisaishi é o cara que compôs praticamente todas as trilhas sonoras para o Miyazaki. Você pode achar o trabalho dele em Nausicaä, Laputa, Totoro, Kiki, Porco Rosso, Mononoke Hime, Chihiro e Castelo Animado.
Atualmente, Hisaishi está compondo a trilha sonora de Ponyo, que brevemente poderemos conferir nos cinemas entre outros filmes que não são do Studio Ghibli como I Want to Be a Shellfish; Afinal o Hisaishi-san também compões para muitos outros diretores, como o também genial Takeshi Kitano. Foi dessa parceria que surgiu Summer, uma das mais belas músicas do compositor. Já está a venda no site da Amazon o Image Album de Ponyo, mas a trilha final ainda não está terminada.

Nota: Image Album é um disco com uma trilha sonora feita baseada nos storyboards da animação, podendo ou não ser similar com a trilha sonora final do filme.


Não preciso nem dizer as músicas compostas pelo Joe Hisaishi são um espetáculo a parte, então mesmo pra quem não assistiu os filmes, vale a pena conferir! E não faltam fontes: você pode procurar as músicas no Emule, Limewire ou similares, baixa-las pelo site do Galbadia Hotel, ver os vídeos no You Tube ou baixar por Torrent.

E o cara é tão bom e tem tantos fãs que um sujeito muito talentoso resolver tentar tocar suas músicas no violão e ainda por cima disponibilizou a tablatura para quem quiser. E para os músicos, têm mais partituras aqui e aqui! Hisaishi é realmente o Einstein da música.

3 de março de 2008

Nausicaä do Vale do Vento

Existem filmes tão bons, mas tão bons, que é praticamente impossível falar sobre eles sem tirar sua magia. Acho que é por isso que venho adiando esse post por tanto tempo. Mas uma hora eu ia acabar escrevendo mesmo. Que seja agora.


A civilização que nasceu no canto ocidental da Eurásia difundiu-se pelo mundo em algumas centenas de anos e transformou-se numa gigantesca sociedade industrial. Sua decadência, no entanto, foi fulminante. Durante a chamada Guerra dos Sete Dias de Fogo, as grandes metrópoles desmoronaram por causa das substâncias tóxicas que elas mesmo produziram e espalharam. A infra-estrutura da sociedade industrial ficou arruinada, sua tecnologia complexa e avançada foi perdida e quase toda a superfície do planeta ficou estéril. Depois disso a civilização nunca mais se reergueu, e o ser humano foi destinado a viver num longo crepúsculo.

É assim que termina nossa história e começa a estória de
Nausicaä do Vale do Vento. Nausicaä, a personagem principal, nasceu num pequeno reinado desse mundo devastado e com muita coragem e sabedoria luta para impedir que as outras nações restantes destruam umas as outras e acabem com a natureza. Apaixonada pela natureza, a princesa Nausicaä tem uma sinergia comovente com as plantas e os animais.

Foi juntando suas grandes paixões como a aviação e essa preocupação com o meio-ambiente, que o animador e desenhista Hayao Miyazaki criou essa incrível estória que pode ser conferida tanto no filme dirigido por ele através do Studio Ghibli ou no Manga de 7 volumes que está atualmente em publicação no Brasil.

O filme de
Nausicaä (cujo nome foi inspirado numa princesa de A Odisséia) foi inspirado no manga e por isso o enredo da animação só vai até aproximadamente o 2º volume do HQ. No Brasil, o manga está sendo publicado pela Conrad Editora e encontra-se no 4º volume, sendo lançado de 6 em 6 meses (+ atraso). Apesar de tudo, a Conrad vem fazendo um bom trabalho na edição do manga só deixando um pouco a desejar nas ilustrações de contracapa do 4º volume.

Sendo o filme de
Nausicaä mais uma imperdível obra-prima do Miyazaki e considerando o fato de que ninguém ainda fez o favor de lança-lo no Brasil, seguem abaixo os links para quem quiser ver o filme:

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Próximo filme do Isao Takahaka revelado!

Todos os domingos a rádio Tokyo FM põe no ar um programa chamado Ghibli Asemamire que é apresentado pelo produtor executivo do estúdio, Toshio Suzuki. Cada domingo, Suziki recebe um convidado especial que tenha alguma relação com o Studio Ghibli para um bate papo.

Dessa vez, além do colóquio, Suzuki também anunciou, junto com sua convidada, Sawaki Agawa, o novo filme do Isao Takahaka!! "Estamos planejando basear seu novo filme em uma canção de ninar japonesa.", disse ele!

Um fato curioso é existe um tipo de canções de ninar japonesas, chamadas de moriko-uta, que têm um sentido contrário ao normal. Itsuki no Komori-Uta (五木の子守歌) é um exemplo desse tipo de canção; Ao invés de ser cantado para as crianças adormecerem, era cantado pelas babás como uma forma de consolo, já que antigamente a maioria delas eram servas ou escravas.

Suzuki não disse que o filme será especificamente sobre Itsuki no Komori-Uta, mas deu essa dica. Abaixo, a letra da canção com uma tradução muito sem-vergonha:

Trabalharemos aqui até o Bon,
Então não estaremos aqui depois do Bon.
Se o Bon chegar mais cedo,
Iremos para casa mais cedo.

(Nota: Bon é um festival budista que acontece em Agosto e homenageia a alma dos ancestrais de alguém. Os escravos só podiam tirar férias na época do Bon e do Ano-novo)

Nós somos pedintes
Eles são de uma boa família.
Pessoas saudáveis com bons cintos
E bons kimonos.

Não gostamos de tomar conta
De bebês chorões.
Se eles choram
A culpa é nossa.

Mesmo se eu morrer,
Quem lamentará minha morte?
Tudo o que ouço é o canto das cigarras
Entre os pinheiros na montanha próxima.

Um tanto triste. *lembra de Hotaru no Haka*

2 de março de 2008

PRODUTOR EXECUTIVO E EX-PRESIDENTE FUNDADOR DO STUDIO GHIBLI TOSHIO SUZUKI REVELA A ESTÓRIA POR TRÁS DE PONYO

Na edição de março da revista japonesa, Cut, foram revelados mais detalhes por trás da estória e a história do novo filme do Hayao Miyazaki, Gake no eu no Ponyo (崖の上のポニョ, Ponyo no Rochedo [?]). A revista internacional mostra uma entrevista de três páginas muito interessante com o produtor do Studio Ghibli e logicamente GhibliWorld.com apresenta um resumo de leitura obrigatória traduzido para o português por Go-Panda.blogspot.com.

P: Quando vocês decidiram produzir Ponyo? Não foi logo depois de O Castelo Animado?

Suzuki: Foi durante o verão de 2005 e a produção mesmo começou em Outubro de 2006... Um dia Miyazaki me perguntou que gênero de filme fazer e eu propus que o próximo filme deveria ser feito para as crianças. “Que tal fazer alguma coisa do tipo Iya Iya En?

(Nota: Iya Iya En é um livro ilustrado escrito por Rieko Nakagawa (中川李枝子) e desenhado pela sua irmã, Yuriko Yamawaki. A historia fala sobre crianças que vivem numa creche. Todas as creches no Japão tem uma cópia do livro, que é substituída todos os anos.)

Eu acho que esse deve ser o livro mais vendido no Japão. Quando eu era um estudante, eu li o livro e gostei muito dele e, como Miyazaki era novo, ele também gostou muito. Nós conversamos sobre o fato de que seria legal se nós pudéssemos transformá-lo num filme. Apesar disso, o livro já havia sido publicado há muito tempo e várias outras pessoas haviam se oferecido para fazer um filme sobre o livro, mas as autoras não aceitaram e nem concordaram com isso. Enquanto nós estávamos produzindo Totoro, nos perguntamos sobre quem deveríamos pedir para escrever a letra da música tema. Miyazaki e eu exclamamos ao mesmo tempo “Rieko Nakagawa!” Assim, ela escreveu Sanpo para nós e ficamos muito felizes.


Depois disso, nós criamos o Ghibli Museum e
planejamos fazer alguns curtas-metragens. Miyazaki propôs Iya Iya En e então eu pedi a Nakagawa pela sua autorização. No final acabamos produzindo o curta, mesmo que tenha sido apenas uma parte dos episódios. Foi chamado de Kujira-tori (くじらとり, A Caça às Baleias [?]). Dessa vez, entretanto, Miyazaki quis fazer a história completa num longa-metragem e começou a prepará-lo.


P:
Falando na música tema de Totoro, a maioria daqueles lendo essa entrevista devem achar que é fácil alguém aceitar escrever as letras se o mestre Miyazaki é quem esta pedindo. Apesar disso eu não acho que tenha sido, pois naquela época o Studio Ghibli não era muito conhecido.

Suzuki: De fato, Nakagawa não sabia nada sobre nós e não foi fácil convencê-la a aceitar.

P: Quer dizer que o Studio Ghibli e o Miyazaki não tinham o poder de marca naquele tempo, certo?

Suzuki: Certo.

P: Mas então, Ponyo começou como uma versão animada de Iya Iya En?

Suzuki: Isso mesmo. Na verdade, eu nunca falei sobre isso... ...

P: Sem problemas, continue!!

Suzuki: Miyazaki é uma pessoa que sempre foi muito influenciada pelos lugares onde ele morou ou visitou. Por exemplo, depois de ele visitar Yakushima ele criou Nausicaä e ele teve a idéia de fazer Kiki depois de visitar a Suécia. Além disso, alguns dos filmes Ghibli são ambientados nos arredores de Tama (多摩, um subúrbio oeste de Tokyo), mas nós já nos enjoamos de lá.

(Nota-GP: Yakushima é uma ilha japonesa coberta por uma antiga floresta, muito bonita, considerada um patrimônio mundial.)

Algum tempo atrás, nós tivemos um tour de três dias e duas noites com 250 pessoas para uma pequena cidade em Setonai-kai. No começo, Miyzaki não quis ir junto, mas viajou mesmo assim e gostou muito do lugar. Pra dizer a verdade, eu sabia que ele gostaria. Não muito depois disso, ele disse que gostaria de morar lá por um tempo, então eu arrumei tudo para que ele vivesse lá por dois meses. A imaginação dele começou a crescer... Depois que ele voltou para Tokyo, ele me trouxe uma idéia. “Que tal ao invés de Iya Iya En, Gake no Shita no Iya Iya En (A Creche Não-Não no Rochedo [?])? Isso foi porque a casa onde ele morou era em um rochedo. E uma vez ele me disse “Esse é o sonho da minha vida...” Pra dizer a verdade eu não estou autorizado a falar isso...

P: Sem problemas, vá em frente!

Suzuki: Ele disse, “Não tem sentido fazer a história de uma creche em um filme.” Eu perguntei a ele “O que você quer dizer?” e ele respondeu “Eu quero fazer uma creche real na nossa empresa!”. Naquela época, muita gente da companhia teve filhos e finalmente fizemos uma creche dentro da empresa. O ekonte (storyboard) da história de Iya Iya En feito por Miyazaki era bem pequeno, então desistimos dele e a creche real será aberta em abril. Ela foi construída perto do atelier do Miayzaki chamado Nibariki (二馬力, 2 cavalos, um nome inspirado no Citroën 2CV, um dos carros do Miyazaki.) Na verdade, por mais de dez anos ele teve vontade de construí-lo. A esposa dele também veio até mim e disse, “Esse é o sonho mais importante do Miyazaki, por favor, ajude-o.” Eu estou cuidando disso, mas enquanto trabalho fico pensando “O que estou fazendo?”.

P: Miyazaki parece realmente gostar de crianças. Por causa disso, é mais fácil de entender Ponyo. Nele, um peixe dourado quer virar humano e parece ser um filme comum mostrando o dia a dia das crianças e seus pais educando-as, certo?

Suzuki: É realmente um filme comum. A estória é muito simples, misturando uma antiga história e A pequena Sereia. Uma jovem peixe está nadando quando prende sua cabeça num pote. Não conseguindo se soltar, ela é levada até a praia e é achada por um garoto de 5 anos. O garoto ajuda-a e eles logo se apaixonam. E para onde a estória vai depois? É como Urashima Taro. Como a história é muito simples, nós estamos nos focando em sua expressão para deixá-la mais complexa e detalhada.

(Nota-GP: Urashima Taro é o nome de um pescador de uma leda japonesa. Na lenda, o pescador, salva uma tartaruga e em troca, foi lavado a um reino do mar. Apesar de feliz, lá, ele sente saudades de casa e resolve voltar. Ao chegar em sua cidade, descobre que todo que conhecia já haviam morrido e ninguém mais se lembrava dele. Desesperado, ele abre um caixa confiada a ele que fez com que os anos passassem também para ele.)

P: Ouvimos que vocês estão aderindo novamente ao desenho feito à mão.

Suziki: Durante essa década, CG (técnica de desenho digital) apareceu e percebemos que isso nos permitiria fazer expressões mais detalhadas se usada como um suplemento às animações manuais. Por outro lado, um novo problema apareceu. O progresso da tecnologia digital é tão rápido que é difícil de ser acompanhado. Se um filme é feito com a mais nova tecnologia, ele vai ficar desatualizado dentro de pouco tempo. E há mais uma questão. Nós usamos CG em O Castelo Animado. As pernas do castelo, por exemplo, foram feitas assim. Apesar disso a animação não me pareceu natural e eu disse ao Miyazaki que a habilidade dele é melhor que a do computador. Ele aceitou isso e desistiu de usar CG. Por isso, a segunda metade de O Castelo Animado não usa CG. Nós sabemos que CG tem pontos positivos e negativos. O tema desse filme é simples como a estória, assim como os efeitos visuais, o que por outro lado exige um trabalho árduo para que todos os desenhos sejam feitos à mão.

P: Que impressão você tem do filme? Você diria “Você vai com certeza se surpreender!”?

Suzuki: É estúpido dar crédito a um filme incompleto, não é? Apesar disso, eu tenho um palpite de que Ponyo pode virar uma obra-prima.

P: Ouvindo isso, eu também sinto que vai.

Suzuki: Miyazaki basicamente tem um ponto de vista que enxerga a essência dos seres humanos na natureza. Ele também tem o dinamismo das estórias de coragem. Ele consegue manter essas duas habilidades.


P:
O filme tem, então, um resultado diferente comparado com, por exemplo, O Castelo Animado?

Suzuki: Acho que sim. Simples, porém intenso.

P: Eu acho que a nova história do Miyazaki pode começar desse ponto. Acho que o desenho à mão não é, por todo, apenas o resultado, mas também a causa dele.

Suzuki: Talvez sim. Miyazaki não decai, apesar de sempre dizer que está decaindo. É uma mentira. Ele cria as animações por si mesmo. Se alguém mais habilidoso aparecer, ele não vai mais conseguir se manter. Mas ninguém consegue superá-lo. Isso é ao mesmo tempo um prazer e uma preocupação para ele.

P: O Miyazaki ser bom em desenhar aviões, mas como ele desenha a água que simplesmente… existe?

Suzuki: Só por dizer: 80% do filme é o oceano.

P: Mesmo?

Suzuki: As ondas são um tema importante. Ele nunca faz outros desenharem as ondas. Ele desenha todas por si próprio. Ele está pensando para achar um jeito melhor de desenhar as ondas e o mar. Eu não sei se isso funciona bem.


P:
Ouvindo isso, eu sinto que poderemos ver “outro” Miyazaki

Suzuki: O visual do filme está diferente. O público normal pode dizer “Aha... esse é um Miyazaki diferente do qual eu estou acostumado…” Os planos de fundo também estão diferentes. Estão menos manipulados. Eu acho que isso está indo muito bem. Para dizer a verdade, eu quase achei que o Miyazaki estava acabado.

P: *risos* Eu vou incluir no artigo, ok?

Suzuki: Ele já tem 67 anos. Fico imaginando onde ele tinha Escondido essa força tão grande.

P: Quando você achou que ele estava acabado?

Suzuki: Eu não achei exatamente isso. Pensei que as pessoas obrigatoriamente envelhecem. Generalizando, diretores de cinema produzem seus melhores filmes durante seus 40 e poucos anos. Os cinquentões e sessentões geralmente tendem a decair. É possível evitar isso? Miyazaki sempre fala “Até quando posso fazer isso?” Apesar disso, dessa vez ele está fazendo um filme realmente juvenil. Dessa vez ele realmente não usa sua especialidade, a aviação. Mesmo assim, é muito interessante.

P: Estou certo que ele não precisa. Você acha do filme sair mesmo em Julho? Vai dar tudo certo? (O Castelo Animado atrasou 3 meses e não pôde ser lançado nas férias de verão).

Suzuki: Dessa vez estou 100% certo. Eventualmente teremos um atraso, mas será muito sutil. Pode apostar.